14 janeiro 2009

tradições democráticas?

Rui Rio fez o seu sexto discurso de comemoração de um ano de executivo. O sétimo ano.

Começa o discurso a dizer que se impõs esta tradição democrática de comemorar cada ano de executivo dando conta publicamente do que fez. Note-se: é um discurso, não é um debate. A sua tradição auto-imposta é, portanto, fazer um discurso sobre o que fez sem contraditório. Uma tradição democrática?

Valerá a pena sequer falar deste acto de tão particular cunho democrático? Provavelmente não. O Grande Líder fala do que lhe apetece, da forma que lhe apetece.

Ainda assim não resisto (é só um apontamento sobre um dos "momentos mais reconfortantes"):

a demolição do Bairro São João de Deus, aquele que ele prometeu requalificar na sua primeira campanha, é, segundo diz, uma das suas acções mais importantes neste sétimo ano.

Conhecerá ele alguma das mulheres que dia após dia voltavam ao bairro para se sentar no muro em frente ao descampado onde um dia foi a sua casa? O que é feito delas? Terá ele falado algum dia com um dos adolescentes para quem o bairro é o seu mundo?

Que Estado é este que em troca de dar um tecto a quem não o tem, trata quem dele depende como se não fosse gente? Distribui-se e redistribui-se gente como peças de um jogo de tabuleiro. E depois espalha-se "coesão social" pelos discursos dos dias festivos. Tradições democráticas?

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