12 novembro 2007

08 novembro 2007

A festa da democracia

A Conferência Nacional de Educação Artística juntou na Casa da Música muitas pessoas que acham a educação artística importante. E que disseram umas às outras como a educação artística é importante. Também disseram que não se sabe muito bem o que é educação artística e que é preciso discutir isso. Numa próxima oportunidade.

A organização da conferência convidou pessoas para falarem. Umas das suas experiências, outras das suas visões. As pessoas falaram e a audiência ouviu. A audiência não falou, claro. É essa a diferença entre oradores e ouvintes. E se a terminologia é confusa no que toca à educação artística, no que toca ao funcionamento da conferência é claríssima.

Ouvidos os oradores convidados, lêem-se as conclusões e recomendações da conferência. É um método infalível para escrever a tempo as conclusões e não correr o risco de propor recomendações extemporâneas. Espera-se depois que a plateia aplauda, dando legitimidade colectiva às opiniões iluminadas.

Depois convida-se um senhor incómodo. O senhor incómodo diz, e bem, tudo o que está mal. A plateia aplaude com fervor. As autoridades agradecem o espírito crítico e gabam o tom queirosiano da intervenção. Depois falam de outra coisa qualquer. Mais aplausos, uns palhaços para animar, e vamos todos contentes para casa.


nota: Nos últimos tempos tenho tido uma vida muito parecida com o que imaginava que fosse a vida "dos outros", mas nunca a minha. Como "ir a congressos".