31 dezembro 2006

E o inacreditável tornou-se realidade

Acontece a todo o momento, redefinindo o escopo do acreditável. Quando não damos por ela perdemo-nos mais um bocadinho.

Neste nosso cantinho em 2006:
Cavaco Silva foi eleito Presidente da República;
A Câmara Municipal do Porto decidiu dar o único teatro municipal da cidade ao La Féria.

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Roubei o título a Hrabal em "Eu que servi o Rei de Inglaterra". Um belo texto que o VU vai repor em 2007.

13 dezembro 2006

fazer da estupidez um marco de coerência


Rui Rio atacou de forma alarve "os agentes culturais". Confundiu arte contemporânea com cultura, profissionais das artes com vida cultural. Não percebeu e não percebe nada. Afirma orgulhoso a sua boçalidade. Podemos tentar explicar que investigação é diferente de educação e que investigadores e professores não são sinónimo de vida académica, embora uns não existam sem os outros. Mas não vale a pena. Porque para Rui Rio o poder autárquico é a cidade e o partido é o poder.

Mas até Rui Rio percebe que o que é demais enjoa. E cansa. Continuar a criar grandes eventos à volta da sua estupidez cultural já não é realmente notícia. Qualquer dia as pessaos cansam-se de tanto debater cada uma das suas ofensas à vida cultural da cidade e, num daqueles instantes de calmaria que permitem olhar o horizonte, vêem todo o podre que já se instalou.

A anunciada entrega do Rivoli ao La Feria será notícia por quanto tempo? E o Quim Barreiros a abrilhantar a festa de fim de ano? Alguém acredita mesmo que Rui Rio acha que estas são boas opções? São as escolhas que podem continuar a alimentar notícias. Rui Rio faz da estupidez um marco de coerência.

O ar austero de colarinho apertado até ao útimo botão continua a enganar. Tivesse ele uma barriguinha e a gola desalinhada e todos viam o óbvio. Assim persiste uma qualquer ilusão de justiça e honestidade nos seus erros. Por algum estranho motivo parecemos achar de confiança quem se esforça por mostrar que não tem prazer na vida.

06 dezembro 2006

Paulo Lisboa




Você entrou no trem
E eu na estação vendo um céu fugir
Também não dava mais para tentar
Lhe convencer a não partir
Agora tudo bem
Você partiu para ver outras paisagens
E o meu coração embora finja fazer mil viagens
Fica batendo parado naquela estação.


JOÃO DONATO, CAETANO VELOSO, RONALDO BASTOS



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O Paulo é hoje homenageado na sua terra natal: Nova Lima, Brasil.
Há 10 anos, quando nos deixou, o Ricardo Carísio escolheu esta imagem e este poema. Foram, são, o meu ritual de despedida.