29 maio 2007
o grande satã e o eixo do mal
Great Satan sits down with the Axis of Evil.
Na newsletter do Times
25 maio 2007
De táxi pela Cidade
O Resto do Mundo estreia hoje. É obrigatório.
O hiper-realismo e os limites orçamentais
Para mim foi um acontecimento, não por ser a abertura de um festival, mas porque ultimamente tenho poucas oportunidades de ir ver seja o que for. Ontem pude ir, estava contente por ter ido e não senti que devia estar a fazer outra coisa qualquer. Só por isso já valeu a pena.
E depois o espectáculo é bom, muito bom. Sem nenhuma ironia digo que é um espectáculo bem feito e pertinente que explora aquele pequeno intervalo nos gestos quotidianos em que a alma transparece. FIquei verde de inveja. Está lá muito do que trabalhámos no 667, por exemplo. A cena do sofá que não chega para todos, o desconforto, o estar pendurado... Mas num registo diferente, claro. No Visões Úteis já sonhámos com registos hiper-realistas, mas nunca tivemos orçamento para tal. E quando não se consegue fazer uma coisa bem, é melhor não fazer. E assim temos adiado muito do que eu ontem vi. Fiquei portanto verde de inveja. Em palco estava o número de intérpretes e o cenário com que imaginei o Mal Vistos. E os meios indespensáveis ao aprofundamento dos desencontros (literais e metafóricos) de 667 ou Cidade dos Diários.
Estou habituada a ir ver teatro construído com disponilidades orçamentais muito diferentes daquelas com que trabalho, mas nunca tinha sentido esta relação tão poderosa entre os meios e a essência do discurso. Senti-me impotente.
As festas fazem bem
"O Porto é uma cidade artística e culturalmente muito dinâmica. Sempre o foi e continua a sê-lo. Aqui se concentram um grande número de importantes criadores e as mais activas escolas artísticas do país.
Mas nos últimos anos a actuação tanto do poder local como do poder central tem contrariado a natural dinâmica da cidade. Ao Estado Central parece não interessar a aposta numa segunda cidade do país realmente interventiva e dinamizadora de desenvolvimento. E o poder autárquico tem claramente avaliado mal a importância da arte e da cultura no desenvolvimento da cidade e do país.
O Porto é a capital da região mais populosa, mas também mais pobre, do país. Tem a obrigação de ser um pólo dinamizador. Arte e cultura são fundamentais à construção da identidade e mundividência de que se faz o desenvolvimento.
A vitalidade artística de uma cidade mede-se pelo confronto entre diversas linguagens artísticas e diferentes gerações de criadores. A identidade constrói-se a cada momento nesse confronto entre o fazemos e o que conhecemos do mundo, entre o que está estabilizado e o que está a dar os primeiros passos, entre o que é maioritário e o que está nas margens. Esquecer qualquer uma destas partes põe o todo em causa.
O Porto tem o material humano e criativo para um confronto fértil, e tem ainda o privilégio de contar com casas de arte e cultura como o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, o Teatro Nacional São João, o Museu Soares dos Reis ou a Casa da Música. O desinvestimento do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal do Porto nos criadores e nas estruturas de produção da cidade ameaça um potencial precioso e todo o investimento feito até aqui.
Exige-se uma nova postura ao poder político. E não podemos deixar que os dias difíceis que atravessamos nos desviem do que é essencial: o Porto é um centro de arte e cultura.
O FITEI celebra 30 anos com o melhor da cidade, usando os diferentes palcos para mostrar o muito que por aqui se faz, mas também para mostrar no Porto muito do que se faz no grande território da expressão ibérica. O teatro é a arte da celebração, do debate ao vivo e da fusão artística. E a programação do FITEI conta com uma grande diversidade de propostas que pensam o nosso mundo, reflectem sobre o passado ou projectam o futuro, recorrendo a diferentes linguagens artísticas e envolvendo públicos diversos. Com este FITEI celebramos 30 anos de actividade ininterrupta, celebramos o teatro, celebramos a cidade de Porto.
Sejam bem-vindos ao XXX FITEI."
para "romper com este silêncio pálido de rosas de cemitério em que nos encontramos"