Intervenção na AR a propósito do voto de congratulação pelo centenário do Dia Internacional da Mulher:
Este ano comemoramos o centenário do Dia Internacional da Mulher. O Dia Internacional das Mulheres. Esta comemoração é a afirmação da justeza e da essencialidade da luta contra a discriminação de género.
Esta comemoração é também a homenagem a todas as mulheres e homens que lutam contra a desigualdade, que lutam contra a violência dos horários de trabalho desumanos, que lutam contra as condições de trabalho indignas, que lutam contra os salários injustos.
Em cem anos muito mudou no mundo. E algumas batalhas foram sendo ganhas. Mas muito está por fazer. Muito está na mesma. Muito está terrivelmente na mesma.
As mulheres continuam a ser vítimas de discriminação e violência. Em todo o mundo e também em Portugal.
Hoje, como há cem anos, as mulheres estão mais sujeitas à pobreza, a condições de trabalho indignas, a horários desumanos.
Hoje, como há cem anos, as mulheres continuam a ganhar menos por trabalho igual.
As mulheres, que em Portugal vão ganhando a batalha da qualificação, estão hoje ainda, e como há cem anos, em maior risco de desemprego e reféns dos tectos de vidro que as impedem de chegar a posições de chefia.
Hoje, como há cem anos, as mulheres são vítimas de violência doméstica, um fenómeno que assustadoramente permanece e se estende a todas as classes sociais e todas as gerações e que mata. Mata mulheres.
Celebrar o centenário do Dia da Mulher é recusar o esvaziamento de sentido do Dia 8 de Março. É recusar as flores das desculpas, é recusar o discurso oco das diferenças e complementaridades.
Celebrar o centenário Dia Internacional das Mulheres é celebrar a justeza da luta contra a discriminação de género, é recusar um mundo em que um género é norma e o outro acessório, é homenagear todas as mulheres e homens que protagonizam em todos os tempos a luta intransigente por um mundo mais justo.
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