01 abril 2007

e o narrador...

Deixemos então pousar o problema de saber se a incompreensão entre os dois palermas passa ou não passa, e vamos ao narrador.

É certo que o narrador/ a narradora acaba por servir para fazer de uma forma expedita a passagem do tempo. Mas não é para isso que lá está, nem é por isso que é necessária. Na realidade, e à boa maneira de Ibsen, o problema da passagem de tempo resolvia-se com 2 palavras mais numa das deixas dos tontos. A Narradora não serve o desenrolar ou a compreensão da historia. Por isso incluímos a piadinha da repetição sobre a Melie ("A Melie era a filha dele" " A Melie é a minha filha").

A Narradora serve precisamente o tal teatrinho de bolso/ teatrinho de papel. É uma distanciação brechtiana ao estilo Charlie e Lola. Porque o que torna "An Outpost of Progress" especial é a voz do narrador. Uma voz que nos lembra constantemente que esta é a sua visão dos acontecimentos e não um relato histórico. Este conto é uma tese em que os dados são assumidamente manipulados para provar a hipótese. No teatrinho de papel a narradora também faz o que quer com os seus bonequinhos.



Não quero que mudes de opinião, nem acharia saudável que concordássemos, mas continuo a achar que devias ir ver o espectáculo mais uma vez. A estreia não correu particularmente bem, e a temperatura da sala não ajudou. São os riscos do "vivo". Agora que em palco tudo está mais solto e equilibrado, que já corrigiram o ar condicionado e que (infelizmente!) não me cheira que voltemos a ter 250 aquecedores na plateia, tudo me parece mais claro.

3 comentários:

dactilografo disse...

sim, sim. estava a pensar ir ver outra vez. talvez na 4ª. eu depois digo alguma coisa.

catarina disse...

Fernando???

dactilografo disse...

não percebo porque raio esta bodega começou a assumir a identidade do fernando alvim quando insiro os meus dados. terá alguma relação com o blog da 365 mas é exasperante ver-me, ainda que neste espaço restrito, confundido com aquele rapaz...