17 julho 2007

São Pedro de Azevedo I

- Eu já tenho 79 anos, somos casados vai fazer 56 anos. Eu vim do Marco de Canaveses.
- Eu sou de Baião.
- Quando vim vim para a Lavoura, mas um dia... embrulhei a roupa num jornal
- É para ver quanta roupa tinha
- E fui-me embora para um irmão que tinha em Gaia e que me arranjou o trabalho na fábrica dos briquetes. Primeiro a acartar carvão, depois de serralheiro e depois de paquete.
- Eu estive na fábrica de sabão.
- Sabe a menina quanto ganhamos? Da pensão? Eu trezentos e poucos euros, ela duzentos e poucos. E ainda temos de pagar a renda, a farmácia. Nunca pedimos nada a ninguém.
- Esta é a nossa casinha. Venha ver. Comprei as minhas coisinhas quando estava a trabalhar, que agora não pode ser, não é?
- Sabe como a gente faz? À noite só come sopa e não fazemos vida de café.
- Aqui estão os meus santinhos, a quem me recomendo.
- A casa não é nossa. É duma doutora.
- Ali é a casa de banho. Veja lá que nem temos casa de banho dentro de casa. As casas antigamente eram assim e olhe. É assim.

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