03 julho 2008

Cultura? Eu não rio.

Recuperando um slogan com uns anos, aqui fica um apanhado de alguns dos recentes olhares brilhantes sobre a cultura do nosso querido líder:

- No painel gigante à saída da VCI no Campo Alegre pode ler-se "Ministério da Cultura pressionado publicamente para reprovar remodelação do Mercado do Bolhão". Presumo que esta seja a reacção à acção marcada pela Plataforma de Intervenção Cívica do Porto, marcada para hoje em Lisboa.


- É natural que seja a "Todos ao Palco" a convidar estruturas de criação do Porto para apresentarem propostas para o Pequeno Auditório do Teatro Rivoli (que deixou de ser Rivoli - Teatro Municipal). Não porque a empresa que produz os espectáculos de Filipe La Feria esteja a explorar o teatro - não, isso seria ilegal (só lá está como programação/acolhimento da autarquia) - mas porque esta empresa, ao que parece, conhece melhor o meio de criação artística do Porto do que o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto!
Para quem esteja interessado: há reacções públicas da Plateia e do Visões Úteis ao convite.

- Na apresentação do estudo "A base económica do Porto e o emprego" elaborado pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, as páginas sobre a Capital Cultural foram , naturalmente, ignoradas. Lá podem ler-se coisas como:
"O património cultural do Porto é, provavelmente, um dos seus maiores activos. É rico tanto o seu património material, que a classificação do centro histórico como Património da Humanidade reconhece simbolicamente, como o imaterial que se espelha, nomeadamente, no contributo da cidade para a cultura nacional, nos seus mais variados domínios, das letras ao cinema, do teatro à arquitectura.
[...] o desenvolvimento do capital cultural das cidades, complementando outros investimentos no domínio da qualidade de vida urbana, dá-lhes coerência, potenciando os seus benefícios. [...]
Ora, o ponto que se pretende estabelecer, é que o Porto dispõe de um capital cultural capaz de, em articulação com o potencial de produção de capital humano que o sistema de ensino da cidade oferece, cumprir esta função de impulsionador do desenvolvimento da cidade enquanto espaço de trabalho e de residência. Note-se, aliás, que o Porto dispõe de uma boa oferta de ensino artístico quer ao nível do ensino secundário, quer do ensino superior. Os alunos formados por estas escolas estão na origem de muitas das novas iniciativas que animam a vida cultural da cidade, ainda que por vezes a sua existência seja efémera. Se é certo que uma elevada rotação é uma característica deste tipo de iniciativas (dela dependendo, aliás, alguma da sua valia), também parece ser verdade que muitos dos recursos formados nestas áreas na cidade acabam por a abandonar (sem que outros formados externamente os substituam) por insuficiência/inexistência de estruturas intermédias de produção/acolhimento que alimentem um mercado de trabalho suficientemente dinâmico para garantir estruturas minimamente estáveis, na ausência de fontes de rendimento complementares (tipicamente, nos meios audiovisuais) muito concentradas na região de Lisboa. [...]
Da pouca informação quantitativa sobre a oferta e frequência de actividades culturais no concelho do Porto fica a sensação de alguma sub-utilização da respectiva capacidade de oferta e fruição, isto é, de insuficiente rentabilização do capital cultural acumulado."
o estudo completo no sítio da CMP, descoberto graças aos apontadores da Baixa do Porto

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