Passa das onze da noite e os miúdos não querem sair da sala. Têm seis, sete anos. Os pais não parecem preocupados: "Está bem, só mais um bocadinho." E vão ficando.
A escola no último dia de aulas abriu à noite. Entraram pais e filhos. Mostraram canções e "peças de teatro" uns aos outros. Enganaram-se, coraram e riram-se. Uns e outros. Tudo sem playback. Trocaram flores e abraços.
Montaram nas mesas da cantina um jantar festa com o que cada família trouxe de casa. A professora fez sopa na cozinha da escola.
Depois foram para a sala de aula, brincar com o que a professora de ciências tinha preparado. Os últimos a sair da escola já o fizeram no dia seguinte.
Ao longo do ano para muitas das crianças a escola acabou às 15h30, hora de início do ATL. Nunca se tinham cruzado com o professora de ciências, de inglês ou de música. E os pais começam a pensar que se calhar está na altura de mudar.
A professora que organizou tudo é a mesma que, como muitos outros, ao longo do ano fez o milagre do quotidiano. Que trata das papeladas na ausência de pessoal administrativo, que compra resmas de papel do seu bolso, que decora a sala ou tira piolhos das cabeças sem ajuda - a maior injustiça do número tão reduzido de auxiliares é parecer que quase não existem mesmo quando se fartam de trabalhar - que os colegas olham de lado porque decide fazer coisas fora do horário, que simultaneamente luta com os sindicatos contra a avaliação e os sindicatos não deixam avaliar, que ainda não sabe onde estará a trabalhar em Setembro, em que escola deve inscrever o filho, se terá trabalho para um ano ou uns meses,...
As professoras de ciências e de inglês que também ali estão, que também desenharam e criaram esta festa de escola, são pagas à hora, tarde e muito mal, não têm carreira, não têm concurso, não têm nada. São tarefeiras da Câmara. As duas, como todos os outros e como todos os auxiliares na mesma condição, vão acordar sem trabalho e sem direito a nada. Em Setembro logo se vê. Fossem ursos e pudessem hibernar nas férias lectivas...
Conseguisse eu esquecer-me de tudo isto e a festa era perfeita!
A escola no último dia de aulas abriu à noite. Entraram pais e filhos. Mostraram canções e "peças de teatro" uns aos outros. Enganaram-se, coraram e riram-se. Uns e outros. Tudo sem playback. Trocaram flores e abraços.
Montaram nas mesas da cantina um jantar festa com o que cada família trouxe de casa. A professora fez sopa na cozinha da escola.
Depois foram para a sala de aula, brincar com o que a professora de ciências tinha preparado. Os últimos a sair da escola já o fizeram no dia seguinte.
Ao longo do ano para muitas das crianças a escola acabou às 15h30, hora de início do ATL. Nunca se tinham cruzado com o professora de ciências, de inglês ou de música. E os pais começam a pensar que se calhar está na altura de mudar.
A professora que organizou tudo é a mesma que, como muitos outros, ao longo do ano fez o milagre do quotidiano. Que trata das papeladas na ausência de pessoal administrativo, que compra resmas de papel do seu bolso, que decora a sala ou tira piolhos das cabeças sem ajuda - a maior injustiça do número tão reduzido de auxiliares é parecer que quase não existem mesmo quando se fartam de trabalhar - que os colegas olham de lado porque decide fazer coisas fora do horário, que simultaneamente luta com os sindicatos contra a avaliação e os sindicatos não deixam avaliar, que ainda não sabe onde estará a trabalhar em Setembro, em que escola deve inscrever o filho, se terá trabalho para um ano ou uns meses,...
As professoras de ciências e de inglês que também ali estão, que também desenharam e criaram esta festa de escola, são pagas à hora, tarde e muito mal, não têm carreira, não têm concurso, não têm nada. São tarefeiras da Câmara. As duas, como todos os outros e como todos os auxiliares na mesma condição, vão acordar sem trabalho e sem direito a nada. Em Setembro logo se vê. Fossem ursos e pudessem hibernar nas férias lectivas...
Conseguisse eu esquecer-me de tudo isto e a festa era perfeita!
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