04 abril 2007

vivemos e sobrevivemos

"A Frente do Progresso" teve público. Está a ter público. Em todos os espectáculos. Mesmo em férias da páscoa. Mesmo no domingo à tarde. Mesmo na terça-feira à noite. E eu estou contente, mas não é por isso.

Os números de público que temos tido são estatisticamente bons. Em cada dia nos tentam preparar para a desgraça. E a desgraça teima em não aparecer. Felizmente. Mas quando é que o Porto se transformou numa cidade onde é quase heróico fugir à desgraça das más plateias?

Eu estou contente, mas não por causa das "boas plateias". Eu queria lotações esgotadas todos os dias e público em fúria a reclamar temporadas mais longas. Mas eu não sou razoável, eu sei. E desde quando é que é bom ser razoável?

Eu estou contente porque um dos meus amigos mais queridos e antigos foi ver ontem o espectáculo e gostou. Gostou bastante. E em conversa começou a falar sobre os espectáculos todos do Visões que estão para trás. E de repente todos eles ganharam vida e eu fiquei cheia de saudades de os fazer. E inchada de orgulho por saber que os ambientes que criámos e as histórias que contámos se fundiram em outras memórias e são parte integrante de outras vidas.

Eventualmente isto também quer dizer que estou a envelhecer. O que não é mau.


1. O que é uma má plateia? O que é uma boa plateia? Neste momento, nesta cidade? Ao que consigo perceber pelas conversas de corredor das gentes do teatro o número 20 é mágico. Menos é a desgraça, mais já não é mau. "A Frente do Progresso", no pior dia, teve bem mais que o dobro. Dizem-me que é bom. Eu acho que é mau. Mas eu, como diria a nossa gata, "tenho mau feitio".
2. Um outro estudo estatístico, este centrado no meu umbigo, diz ainda que as plateias duplicam quando perfeitos desconhecidos vão ter com os funcionários do teatro no fim do espectáculo para dar efusivamente parabéns pelo trabalho. Ontem a sala esgotou.

1 comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo espectáculo que gostava de ter visto e não vi. A distância não perdoa.

Essa de estares a envelhecer é uma incursão no estilo cómico?... Teve graça.